terça-feira, 4 de novembro de 2008

UNDERGROUND

agora que te ouço sei o que somos , nós como muitos temos aqui dentro, fruto de algo que nos tocou um dia uma névoa que tapa todo o sol que nos foi prometido
aqui temos agora o resultado de uma manha de enjoo, a consequência de uma má aterragem que nos fizeram fazer
é aqui dentro , aqui neste dia de ninguém onde tudo se passeia pelo outro lado da rua que descobrimos que o sonho morreu com a noite em que sonhámos ter o que era preciso para crescer
nos teus olhos vejo que nada mudou em ti e que tudo fugiu
tudo o que me ergueu morreu
um dedo do anjo negro romântico que se sentou na mesa de jantar para jantar comigo beber comigo foder comigo
tudo o que me mentiu foi aceite , tudo o que me deste , tudo o que nos deste chegou a um fim
um fim que não acaba nunca
um fim que vai acabando agudo, mordaz sem palavras, árido de boca seca
um final de janela molhada que não me molha que não se parte...
quando me pegaste ao colo e me abanaste ou o que restava de mim uma dor que carrego hoje e para um sempre que não se acha o termo
quando me safaste de um negro diário e que não te poderia pedir mais do que esse dia e todos os negros que se repetiram la não estavas não me suportavas
fugiste e ainda bem para ti , cortaste o vento sem heroísmo, cuidaste as tuas asas mas que principio meu Deus , mas que adorno de vento
quantas farpas, quantos podres me deram historias escritas de vómitos de sangue de mergulhos em abismos que desejo nunca ter visto
um pacto fundamental sem fundamento que se apaga como uma vela que perdura no tempo , num tempo de escuros e negros
a nós nada nos foi dado lentamente mas de repente de um só jorro de um só trago bebi-te, bebi-nos sem cessar até partir o copo
foda se foda se , merda !!!!
de todos os dias em que fraco me apoio nas palavras morro um pouco por querer viver demais e o tempo do depressa para ninguém faz sentido
fomos enganados pelo tempo, pela beleza doentia do momento em que tudo era nosso , tudo tinha o brilho das imagens épicas, despimos-nos e tudo era grande menos
o abismo, o encolher de ombros e o abismo...

Somos nada porque escolhemos a sinceridade dos actos e o instinto dos animais
Somos nada porque a sinceridade que nos deram foi amaldiçoada pelos cadernos que não seguimos
Somos merda
Hoje somos assim... não porque queremos... mas porque não somos ...


De que vale ser lobo se no mundo não há lugar para lobos ?

O SENTIDO

as árvores empinam-se muito fora de tudo como se não houvesse para elas enquadramento
trituram-se as folhas e coze-se em banho de Maria
se passearmos pelo parque quantas árvores nos acompanham ?
uma árvore é uma coisa e a sua folha outra coisa
como um cão que de coisa tem também as folhas em forma de olhos
e o rabo em forma de tronco
mas o cão não se enquadra com a árvore e mija nela sempre que tem oportunidade
a árvores sacude a urina abana a cauda e faz cair o fruto bem em cima da cabeça do senhor que ia a passar
o cão não se enquadra
quantas árvores nos acompanham se passearmos ?
um fruto que cai da árvore tem como objectivo o chão e não o cão que urinou na arvore fazendo a árvore sacudir-se
tenho medo do outono porque o outono tenta desesperadamente enquadrar as árvores no seu frio
ao que as árvores respondem despindo se das coisas que são as folhas para que o objectivo do outono não se concretize
mas ... é isso que o outono quer : que as árvores se dispam porque o outono é muito perverso, e as árvores coitadinhas, pensando corromper os planos do outono, despem-se... mas é isso que o outono quer!!!!
isto dura há milénios e nunca ninguém disse ás árvores o que realmente se passa....
Provavelmente sou o único que sei disto... será ? Então acresce-me a responsabilidade de contar ás árvores este plano milenar maquiavélico do outono ?
eu acho que o cão também sabe por isso o cão também pode revelar o segredo, aliás acho que ele percebe melhor a linguagem das árvores e por isso acho que ele é mais responsável do que eu . mas ele urina nelas ... Mas elas gostam e sacudem-se deixando cair o fruto no centro da cabeça do homem que não reage contra a árvore nem percebe que foi o cão ... que grande palerma .

Parece que nenhum deles está enquadrado entre si e eu sei de tudo .

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Just the way things are...

"She wanted to see other people i thought, "well then, look around, they're everywhere"
said that she was confused... i thought, "darling, join the club"
24 years old, mid-life crisis nowadays
hits you when you're young
i hung up, she called back, i hung up again
the process had already started
at least it happened quick
i swear, i died inside that night
my friend, he called
i didn't mention a thing
the last thing he said was, "be sound" sound...
i contemplated an awful thing, i hate to admit
i just thought those would be such appropriate last words
but i'm still here
and small
so small.. how could this struggle seem so big?
so big...
while the palms in the breeze still blow greenand the waves in the sea still absolute blue
but the horror
every single thing i see is a reminder of her
never thought i'd curse the day i met her
and since she's gone and wouldn't hear
who would care? what good would that do?
but i'm still here
so i imagine in a month...or 12
i'l be somewhere having a drink
laughing at a stupid joke
or just another stupid thing
and i can see myself stopping short
drifting out of the present
sucked by the undertow and pulled out deep
and there i am, standing
wet grass and white headstones all in rowsand
in the distance there's one, off on its own
so i stop, kneel
my new home...
and i picture a sober awakening, a re-entry into this little bar scene
sip my drink til the ice hits my lip
order another round
and that's it for now
sorry
never been to good at happy endings"

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Mais uma musica...

Incrível a maneira como esta música se aplica a mim. Música... Não consigo parar de a associar à minha vida.

"If I keep holding out
Will the light shine through
Under this broken roof
Its only rain that I feel
Ive been wishing out the days
Ohh ohh oh come back
I have been planning out
All that I'd say to you
Since you slipped away
Know that I still remain true
Ive been wishing out the days
Please say that if you hadnt gone now
I wouldnt have lost you another way
From wherever you are
Ohhhh ohh ohh oh oh come back
And these days they linger on
And in the night ive been waiting for
The real possibility that I may meet you in my dreams
I go to sleep
If i dont fall apart,
Will my memory stay clear
So you had to go,
And I had to remain here
But the strangest thing today
So far away and yet you feel so close
And Im not gonna question any other way
There must be an open door
For you uhh uhh uhh.... To come back
And the days they linger on
And every night when Im waiting for
The real possibility that I may meet you in my dreams
Sometimes you're there and you're talking back to me
Come the morning I can swear that you're next to me
And its okayyyyyy
Its ok...its ok
Ohhh i need you....come back, come back
Ahhhhh I need you come back, come back
Ohhhh I need you come back, come back
Whoooo whooo whooo whoo
Whoooo whooo whooo whoo
Whoooo whooo whooo whoo
Whoooo whooo whooo whoo"




AHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!


Carnifex Servorum

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Black

"Sheets of empty canvas, untouched sheets of clay
Were laid spread out before me as her body once did.
All five horizons revolved around her soul
As the earth to the sun
Now the air I tasted and breathed has taken a turn
Ooh, and all I taught her was everything
Ooh, I know she gave me all that she wore
And now my bitter hands chafe beneath the clouds
Of what was everything.
Oh, the pictures have all been washed in black, tattooed everything...
I take a walk outside
I'm surrounded by some kids at play
I can feel their laughter, so why do I sear?
Oh, and twisted thoughts that spin round my head
I'm spinning, oh, I'm spinning
How quick the sun can drop away
And now my bitter hands cradle broken glass
Of what was everything?
All the pictures have all been washed in black, tattooed everything...
All the love gone bad turned my world to black
Tattooed all I see, all that I am, all I'll be... yeah...
I know someday you'll have a beautiful life,
I know you'll be a sun in somebody else's sky, but why
Why, why can't it be, why can't it be mine"
Carnifex Servorum

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Long Nights

"Have no fear
For when I'm alone
I'll be better off than I was before
I've got this light
I'll be around to grow
Who I was before
I cannot recall
Long nights allow me to feel...
I'm falling...I am falling
The lights go out
Let me feel
I'm falling
I am falling safely to the ground
Ah...
I'll take this soul that's inside me now
Like a brand new friend
I'll forever know
I've got this light
And the will to show
I will always be better than before
Long nights allow me to feel...
I'm falling...I am falling
The lights go out
Let me feel
I'm falling
I am falling safely to the ground"

Carnifex Servorum

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Fall

Deitado na cama, ouço a chuva cair lá fora. Gosto, acho relaxante. Levanto-me para subir um pouco o estore. Posso agora ver as pequenas gotas de água a escorrer pela vidraça, correndo umas contra as outras. Faço apostas de quem vai ganhar, mas nenhuma chega ao fim. Perdem-se pelo caminho. Dissipam-se na grande superfície do vidro. O Outono chegou... Volto para o calor acolhedor dos lençóis, onde busco o mundo dos sonhos e fantasias. Embala-me oh Mundo, pois tu és a minha companhia e nunca me deixas só.


Carnifex Servorum

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

NOITE

São onze e dezassete de uma noite de sexta-feira. Fim de semana à porta. Não há muito que fazer para a faculdade, o semestre mal começou. Pouso o livro que estudava sobre a mesa, encerro os olhos e deslizo lentamente na cadeira. Inspiro fundo, só para depois soprar levemente o ar dos pulmões. Ouço o pesado e ruidoso silêncio da casa. Agora, vem a pior parte. Aquela em que ganho consciência de mim mesmo, aquela em que uma força desconhecida me puxa para dentro do meu corpo. Estou só. Enclausurado no meu quarto, no meu pequeno mundo, nos meus sentimentos, nas minhas angústias. E não o quero! Do escuro, surge um rosto. Começa por ser uma imagem algo turva, desfocada. Tento fugir dela, esconder-me, corro, corro cada vez mais depressa, o coração acelera, a respiração torna-se ofegante, mas estou preso. E não o quero! Não quero ver, quero que se vá embora, contudo ela insiste em perseguir-me, não me concedendo tréguas, encontrando-me até no canto mais sombrio. Ahahah! Encolhido sobre mim mesmo, agora percebo. Bem lá no fundo, sou eu que não te deixo ir, que não te quero deixar partir. Revivo todos os momentos, cada momento que passámos juntos. A noite em que te conheci, vivo-a constantemente, cada ligeiro pormenor. E não o quero! Relembro. E não o quero! Massacro-me com isto. E não o quero! Não porque guardo qualquer rancor ou mesmo raiva. Não. Seria incapaz. Faço-o, porque quando fecho os olhos ainda te vejo a sorrir para mim, a caminhares em meu encontro, ainda te vejo nos meus braços. E então, um sentimento torturante invade todo o meu corpo e espírito, esmagando-me por completo, fazendo-me sentir perdido, reduzindo-me a uma sombra daquilo que outrora fui. SAUDADE... Um dia, um dia conseguirei libertar-me. Inclusive de mim mesmo!

“Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos magoa,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...”

Pablo Neruda

Carnifex Servorum

ATENÇÃO

Devo sublinhar mais uma vez que este blogue foi criado com o objectivo especifico de dinamizar um espaço que se pretende ser de todos aqueles que queiram postar os seus textos (de qualquer natureza) pelo que o texto aqui postado com o nome "DEFINITIVO" não é escolha minha mas sim uma óptima e soberba escolha de extremo bom gosto levada a cabo pela pessoa por detrás do pseudónimo abaixo assinado.

Um grande abraço Carnifex

O FIM DAS OUTRAS COISAS

O tempo...
quantas voltas dá sem ter inicio nem fim...
corre e não existe e faz com que tudo mude

O tempo é uma maçã agora verde agora vermelha ora castanha e depois caída...

A cara do velho que era novo e será terra

O tempo é tudo isso e nada é...

Um daqueles mitos que se vê nos rostos e nos frutos, que anula a importância das acções, mata o vulgo e aumenta os Deuses sacudindo-lhes o pó...

Não tenho de escrever sobre o tempo nem sobre nada, e, todos nada olham a não ser um mundo infalível, cheio de certezas, certo
um mundo por cima de um outro, um bâton que tapa as brechas dos lábios...

Que será de mim?
Eu que não me espanto com o bâton que os lábios tapa, que não bebe surpresas súbitas nem fugiu ao trivial...
Não sinto o trivial.
Que doença me assola tão fria como qualquer gelo que tudo conserva estático...
Bebo tempo, vivo tempo, sinto tempo e não o vejo...

Para mim o mundo...
Para mim o mundo é um tempo
um tempo que em breve envelhecerá o rosto, amadurecerá o maçã para que depois passe sem despedidas deixando maçãs no chão e rostos no pó...

Alguém me dizia que a dor é a única coisa real...
Tal é então que não possa ser tudo real ?
Se sinto a dor, não sinto tudo o resto ?

A negação de um fenómeno que a nós ocorre constitui a definição de realidade?
Se assim é, que motivo temos para rir, para procurar felicidade?
Essa felicidade que a todos baba...

Só a dor é real...

Queremos e procuramos então o não real ? Queremos então o contrário do que sentimos ?
Como ?
Como poderei eu querer algo que me deforma o rosto e estala as entranhas ?

A realidade... essa tão ambígua palavra...
Ora bela, ora funesta, ora séria ora jocosa...

Uma coisa eu vos garanto: Meio mundo anda desejando que a realidade não fuja enquanto que a outra metade tenta fugir ao real procurando o sonho(ou vice-versa... paradoxo por decidir)

Tudo é um deserto...
Um deserto com semáforos e passadeiras alcatroadas
Um enorme vácuo linguisticamente interpretado de acordo com a sua melhor utilidade, um nada onde nos habituámos a pintar árvores e coisas... um poço cinzento que nunca conheceu água, negro e frio imprimindo em nós a convicção de que podemos sempre vislumbrar no seu fundo o reflexo da nossa cara, procurando assim a alma que (dizem) temos dentro...

Não rezem
Não preguem
Pode lá haver alguém que escute se nem mesmo nós a nós nos ouvimos...
Lancem ao chão as amarras que criastes, mudai o rumo dos ventos artificiais... Sê!
Escutai-me por um momento e sejam !
Vivos sem vós, que importa a realidade? sim, que importa a realidade se a todos foge e não permanece ?

Eu quero duas coisas:
voltar a voar um dia e sentir na pele e nos poros em tempo "real" o passar "real" do tempo que não é...
É isso que quero do mundo...
Da vida quero mais:
Suor dos outros corpos, vinho morto de parras mortas
Quero tragos de veneno, cuspir fogo, ser pior do que a minha escrita e viver como um grande ladrão, roubando almas...trocando o amor pela paixão...

Sim... eu admito... tudo isto desejo por inveja do bonito que os outros sentem... irritam-me os felizes sem copo que se embriagam com o êxtase do céu...
Não o sinto...sinto a sua antítese...aquilo que ninguém quer e deita fora ... aliás...não sinto sequer esse vento, esse festival de movimento lógico que a todos enche e em mim se vaza fora de prazo para consumo...

A angustia de morrer para mim torna-se quase tão grande como viver
Uma vida cuja preferência pela reflexão marginal expurgou de mim a alma conformadora para uma existência intelectualmente aceitável...
Morrer para mim não é acabar ... é deixar de viver... não durar... e esta subversão ao significado muda todo um curso de vida que à partida estaria orientada para o fim...

Não sou coerente nas as minhas palavras... mas que interessa isso? não sou escritor nem mesmo filosofo... não, não sou nada disso...
Sou um meio-homem que escolhe o papel para limpar as lágrimas...
Dói-me simplesmente a condição humana ou o desrespeito pela mesma...

O mundo acabou quando começou e a verdade é essa.

Gosto da loucura, é grande... transborda como uma sopa no caldeirão, deixa-se serenamente verter para la da margem...é bom ver o nu(no) a passear na rua.... QUEBRA-ME A ROTINA Ó FERNANDO!!!

Mais uma vez fui-me, fugi de mim neste preciso momento e deixei-me sentado em corpo na prateleira dos temperos...

Estes fragmentos que vomito são fruto de intermitências de um cérebro lesado, de um corpo maltratado que transporta nos olhos cansaço, pelo que, pouco liguem ao que aqui é dito e peço pois, que nada retenham pois para vós, mentes avidas de bom senso, de pouco servirá... quando muito poderiam utilizar tudo isto num momento cómico de segunda...

Que se foda... este sou eu quer goste quer não, e, como não me conhecerão em carne... que a taça se derrame...

Preto, branco, vitoria, derrota
tudo passa de um jorro só sem dar tempo ao tempo que tenho para perceber tudo o que passou...
Eu era o menino e a vida era era uma lata de atum num barreiro castanho num dia de chuva e casas cinzentas... ali cheirava a natal e as casas sorriam às cores das lâmpadas... eu era o rei, e o rei comandava os fantasmas e a si obedeciam...
...À tarde, bem perto da noite, o leite quentinho a lareira dos pés, a TV dos grandes e o sonho amarelo da minha mãe... Pai, chega depressa...
E tu ó forasteiro que mal chegaste partiste, arrancando à força metade do meu coração...
Que tenhas uma boa cruzada e que os ventos te sejam...

Não sei se parei na viagem ou se viajo sem cessar...tudo o que vejo sinto de passagem como uma margem que chega depressa... na parede deste quarto sinto o húmido camuflado, mas nada vejo, nada escuto... mas está lá...ó se está lá, esse húmido que gela os ossos e empresta as dores...

Enxaguo os olhos
Intermitências de um pecado
o roubo adiado e a vida do enforcado...

Que tenho ? Que não tenho ?
Perco-me por momentos num dentro de mim qualquer, visito-me em sítios que juraria não estarem lá, mas eis que me suga o abismo, enrola-me todo em metades ferozes...incapazes... e jorra-me para fora em bocados
bato no tecto, escapo à parede, tenho dois olhos e sou muitos retalhos
Espera... nada temas... o que precisas é de te apertar, cozer, atar, formar um facho
Procuro a corda, não está aqui, aqui também não, aqui estou eu ou um bocado de mim...corro...corro só com uma perna, a outra descansa ou cansa demasiado.... falta-te a sorte.

Ó corpo mutilado,virado, castrado... perdi-me ao achar-me e morro sem plano, consequência, forma estética por alcançar...
morro sem corda, dividido em muitos pelos cantos de um quarto...

Não!

Procura a corda, tem de haver uma corda!
Remexo dum lado(esquece o de um que perde o seu tempo), viro do outro, destapo no chão... Sinto um puxão(salvo a expressão mas tem reacção)!

Ali jaz o meu fim

A corda que me irá fazer a mim!
Ato-me, uno-me, completo-me de carne e fico preso e sinto-me a todos num só (redundância pura)...
Rio por dois minutos...
Mar por duas horas(sim gosto)...
Uno por uns tantos dias...
Quero mergulhar-me outra vez...
Delitos(tinha de ser) vão e vêem(seja, cometem-se em vários tempos), passam por nós e a sorte chama-nos criminosos ou homens bons, somos descritos conforme a sorte até que a morte nos tape os ouvidos e nos descanse para todo o sempre (sem prejuízo para os que duram)...


Se me querem da forma que sou posso dar-vos um conselho: deixem-me à chuva, ao sol, ao vento, ao tempo(esse maldito que tão bem nos faz)e esperem a mudança... serei vosso conforme a sorte, conforme a vontade fora de mim...

E não me venham falar em silencio pois que nada me dirão
Se falam em silencio
Todos calam
Quem fala em silencio
Olha o vácuo, perde a fala
Sente os tempos, o seu barulho
perde o rumo das coisas sãs
vivem do outro lado da voz
nesse silencio
Não me falem em silencio
Não sei ler olhos e os gestos são precários para tanto de alma
Morte
Silencio
Língua..., ..., ..., ...


Continuam a exercitar-se na arte de rir, olhando o próximo ou o seu par como exemplo a seguir... sim é bom sermos iguais, parecidos com os demais, é verdadeiro e bom sentir a companhia dos acompanhados...
A solidão é uma doença contagiosa(irónico), infecciosa, faz doer e afasta as criancinhas...

Ser só não é ser gente
é ser o seu contrario
demente fora da vida ...
A solidão é um preço alto no mercado negro, um veneno sem antídoto...
Ser só é ter bebido o veneno e não ter perecido (ou comprar no mercado paralelo e ter sido enganado)...

Ser só é solidão
é ser espera eternamente adiada nas urgências amarelas de um hospital qualquer...
As árvores, carregadas, graves, decidem formalmente o meu destino, enquanto eu, espero só... assistindo à passagem dos dias e à idade das pessoas menos doentes.



Dédalo

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

DEFINITIVO

Uma grande e indiscutivel verdade: já tive dias bem melhores, do que aqueles que hoje saboreio. Mas o Mundo insiste em girar sobre o seu eixo, em prosseguir com a sua corrida eliptica em torno da grande estrela que nos aquece. Zomba de mim na minha cara. O que me ajuda nestes momentos é a poesia. Hoje, enquanto procurava um poema a condizer com o meu estado de espirito, encontrei um texto que conseguiu levantar um pouco o meu moral. Partilho aqui este excerto de Carlos Drummond de Andrade convosco, para que, quem sabe, em dias vossos menos bons, não vos possa ele dar também alguma força e convicção.

“Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...”



Carnifex Servorum

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

VERNACULO DA TOXICIDADE



Só com drogas me enfureço
não há remédio
todos puxam o mesmo carro e eu pra baixo
do lado de lá da estrada
capto tudo
os montes assediam as prostitutas expectantes pelo filme que protagonizarão a seguir na redundancia que caracteriza o falo
na verdade, sao as prostitutas as melhores actrizes ...
a estrada continua engolindo traços continuos e traçejados intermitentes porque a estrada imita a vida, a vida imita a estrada e algo tem de sempre faltar, romper, secar entre duas realidades...
segue torta, parecendo recta, como aquela outra ...
a mordaça nao disfarça...

gosto de foder por cima ...
é das drogas que me dão...


DEDALO

ERRO

voo
sempre entre duas verdades
o relance do olhar para dois lados diferentes
eu entro, tu entras e um outro alguém fica de fora
não interessa quem olha ou quem te pensa da forma que quer... ou que pode
por enquanto és tu ... tu e o mundo que és ...

reservo-me à simplicidade dos pensamentos que me visitam em interminaveis banquetes surreais
a lingua de fora depois da palavra cruza os dedos inseguros ...
são a pessoa que se forma
uma verdade que, na verdade, existe para lá desses gestos, atitudes, vicios ...
limito-me a dois caminhos distintos:
um bom e um mau
o do vicio aparente em que todo o gesto emana negação
e um outro que aquele contradiz idealizando na sua essencia o mesmo fim
os dois caminhos aparecem na insuficiencia de um outro que nao seja nenhum dos dois, aquele que fica de fora, aquele que vai para lá...
será esse que falta à meia solução que me aprisiona nos meus dois carreiros ...

O caminho da não consequencia precede e corrompe todo o conceito de bem e de mal .


DEDALO

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Olá a todos e sejam bem vindos a este nosso espaço .


O objectivo deste blogue não se prende com o desfile gratuito de palavras "difíceis" ou sequer com frases eurekadas que debitem uma qualquer suprema e absoluta verdade do espírito, da alma ou da realidade que a todos envolve. Este espaço pretende falar de tudo o que não seja dito de animo leve, tudo o que se esconde dentro das nossas entranhas na vergonha de encontrar cá fora um eco vazio ou pior, um eco de insuportável troça. Faço isto porque sei que existe, em cada um de nós silêncios forçados, palavras, conceitos aprisionados que nunca tiveram a oportunidade de ser expostas, partilhadas, e certamente admitidas devido à ausência de comunicação satisfatória que nos permita a segurança de ser o que temos dentro. Dilacerados pela célebre condição humana que tanto nos faz calar, quantas ideias geniais não se perderam, perdem e perderão para sempre ao calar, ideias que mudariam o mundo, a vida de alguém, a nós...

É por elas que crio este blogue, é por elas que vos peço: libertem-se de tudo o que aprisionam dentro, para nós é necessário e para vós essa clausura é sofrimento .

enviem-me as vossas angustias, os vossos projectos, as vossas vontades e sintam a sua força, a força do seu nascimento . Tenham a coragem de ser vós !

Contacto: Telmo Coelho
MSN: lhommemachine@hotmail.com (abusem)



Beijos e Abraços


Telmo Coelho